segunda-feira, 9 de julho de 2012

Entrevista com Amit Goswami


Vou reproduzir aqui dois trechos de entrevista que o físico Amit Goswami concedeu a Lauro Henriques Jr., no livro Palavras de Poder, editado pela Leya. O livro, dividido em dois volumes, traz entrevistas que Lauro fez com grandes nomes da espiritualidade e do autoconhecimento no Brasil e no mundo. Palavras de Poder vale a pena.
Filho de um guru hinduísta, Amit Goswami é Ph.D. em física quântica pela Universidade de Calcutá, na Índia, e professor emérito do Instituto de Física da Universidade de Oregon, nos EUA, sendo um dos pioneiros nos estudos que buscam conciliar a ciência e a espiritualidade.
Aos 74 anos, escreveu vários livros que se tornaram best-sellers mundiais. Como afirma: “a consciência é o fundamento de todo o ser. Além de nosso lado racional, temos que integrar nosso lado místico e intuitivo. Desse mergulho em nossa paisagem interna é que vem o salto quântico que nos permite agir com foco e direção”.
PERGUNTA: Em seu livro O Médico Quântico, o senhor também escreve sobre a necessidade de se integrar a medicina tradicional e a alternativa. Pode falar sobre isso?
Amit: No campo da medicina, nós nos tornamos tão dependentes de drogas para nos mantermos livres da dor, nós as ingerimos tão irrefletidamente, que não percebemos uma triste realidade: esses medicamentos farmacêuticos que prometem aliviar o sofrimento, no fim, quase sempre trazem ainda mais dor, pois tem danosos efeitos colaterais, que eventualmente cobram seu preço no corpo. No fundo, é como se estivéssemos tomando veneno, sob a forma dos efeitos colaterais. A alopatia tem um papel importante, sem dúvida, mas ela deve ser usada como uma medicina emergencial, para nos manter vivos em situações de emergência. A verdadeira saúde significa viver em completude, e é isso o que propõe a nova medicina holística, que integra práticas já comprovadas, como a acupuntura e a homeopatia. À medida que aprendermos a cuidar de nos mesmos de forma mais holística, vamos ver por mais tempo e com mais saúde.
PERGUNTA: O filósofo Friedrich Nietzsche dizia que uma espécie de oração de cada pessoa antes de iniciar o dia deveria ser um pensamento do tipo “hoje vou dar alegria a alguém”. Em sua opinião, qual dever ser a oração de cada pessoa para começar o dia?
Amit: Há muitas formas de oração, mas gosto muito daquilo que a física quântica nos diz, que a nossa intenção conta, que a intenção pode ser um instrumento para nos sintonizarmos com o movimento maior da consciência. O segredo é deixar as minhas intenções pessoais se alinharem com esse movimento evolutivo da consciência. Para tanto, a cada momento, é essencial ter clareza sobre qual é o arquétipo que está pedindo mais a nossa atenção—amor, beleza, justiça, verdade, bondade, abundancia, tudo isso é parte do nosso eu, tudo é uma busca legitima. Então, uma vez que isso esteja claro, eu manifesto a intenção de realizar esse arquétipo em minha vida. Sempre lembrando duas coisas essenciais: que minha intenção deve incluir os outros e que, na realidade, não é a minha intenção que de fato vai fazer algo, pois tudo acontece no nível da consciência holística, não local, que é a consciência de todos.
Em suma, digamos que a minha intenção é ser mais amoroso, então eu posso dizer: “Que eu e todos os seres sejamos mais amorosos e que minha intenção entre em ressonância com a intenção da vontade divina”. Em seguida, eu me calo. Porque toda oração deve acabar em silêncio — em palavras, é só o ego falando; somente no silêncio a consciência não local pode se manifestar. É assim que eu começaria a minha manhã.

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