domingo, 24 de abril de 2011

A PAUSA QUE CURA

Miguel Filliage (*)
Depois de um feriado prolongado, como este de Páscoa, voltamos ao mundo melhores, especialmente se nos proporcionamos mesmo uma pausa, um descanso verdadeiro. O momento da pausa é fundamental para o equilíbrio físico e emocional. Sem a pausa, não existe música.
Somos pendulares, um pouco para fora, criando, fazendo, disputando, agindo, etc. E um pouco para dentro, para se nutrir através do silêncio interno, para ser. A civilização contemporânea prioriza um lado do pêndulo, o ter, a felicidade está nos símbolos, no consumo, fora, no ego. Esta opção traz muita desarmonia emocional, gerando, depois de algum tempo, doenças crônicas. É claro que bem antes dos sintomas físicos aparecerem, sinais de desequilíbrios são visíveis, quando nos percebemos com excesso de preocupações, nervosismos, angústias, impaciências, chatices, sem foco e sem perspectiva, memória fraca, etc. Uma das maneiras de se tratar é proporcionando a si mesmo uma pausa, para gerar paz. A pausa nutre e cura. E se não estiver conseguindo essa volta a si mesmo, procure ajuda. Vá se tratar.
Vivemos num mundo dual, sim e não, luz e sombra, yin e yang, ação e não ação, o pêndulo deve balançar suavemente de um lado para o outro. Na tradição judaica, a pausa começa na sexta-feira à noite. É o Shabat, o descanso após o final do ciclo semanal de trabalho. O rabino Nilton Bonder aponta: “a noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue. Para um mundo no qual funcionar 24 horas parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, descansar se torna uma necessidade do planeta”.
Mesmo quando aparece um feriado como este de Páscoa, de quatro dias, tendemos a continuar a nos identificar com apenas um lado do pêndulo. “Hoje o tempo de pausa é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupação. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar”, mostra Bonder.
Nilton Bonder dá outros exemplos expressivos:
·        nossos namorados querem “ficar”, trocando o “ser” pelo “estar”;
·        quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante;
A pausa, porém, é que dá sentido à caminhada; a prática espiritual deste milênio será viver as pausas.
Precisamos nos permitir e nos acostumar com as pausas. E elas não necessitam ser de quatro dias. Podem ser de momentos ao longo do dia. Colocando-se na própria agenda. Uma pausa no dia para fazer acupuntura, para praticar yoga, para exercitar-se, para meditar, para... voltar-se para você, para se tratar, para nutrir-se, para curar-se, para voltar-se para dentro, para o pêndulo funcionar — para ser um pouco mais yin. É o nosso lado feminino, yin, que cria, que decide, que percebe, que tem clareza. O nosso lado masculino, yang, é o que realiza. O yin é general; o yang é soldado. Quando estamos com o nosso lado yin nutridos, decidimos melhor, fazemos escolhas menos inconscientes, somos proativos, geramos mais prosperidade e saúde plenas.
Que você proporcione algumas pausas conscientes em sua vida. A sua saúde física, financeira, emocional, mental e espiritual será totalmente resgatada quando o pêndulo funcionar com harmonia.
(*) Miguel Filliage
Naturista (CRT 32280), escritor, há quase 20 anos trabalha e é especialista em Medicina Clássica Taoísta e Tibetana e fitoessenciais vibracionais, com pós graduação em Psicologia Transpessoal. Emails: miguel@clisf.com.br , miguelfilliage@cciencia.com.br   

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